Belford Roxo registra aumento de 17% nos tiroteios em 2024, aponta levantamento do Instituto Fogo Cruzado
O município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, registrou um preocupante aumento de 17,9% nos tiroteios em 2024, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Foram contabilizados 92 confrontos armados, resultando em 48 mortos e 34 feridos, enquanto em 2023 foram registrados 78 tiroteios, com 35 mortos e 36 feridos.
Complexo de Santa Teresa: palco da violência entre facções
Grande parte da violência se concentrou no Complexo de Santa Teresa, um dos epicentros de confrontos entre criminosos do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP). Nesta quarta-feira (18), moradores das comunidades Gogó da Ema e Bom Pastor relataram momentos de pânico durante um intenso tiroteio. Em resposta, a Polícia Militar intensificou o policiamento na área.
O complexo também inclui as comunidades Caixa d’Água, Vila Pauline, Barro Três, Guacha e Parque São José. Desde setembro, a região tem vivido uma escalada de violência após a morte de Geonário Fernandes Pereira Moreno, conhecido como “Genaro do Guacha”. Líder do TCP, ele foi morto em uma operação policial, desencadeando uma onda de represálias entre as facções.
Casos trágicos marcam o ano
Entre os episódios mais chocantes, destaca-se o caso de um menino de 7 anos baleado no abdômen enquanto brincava em uma praça no Parque São José, no dia 21 de setembro. O tiroteio começou após criminosos atirarem em direção a um bar, desencadeando uma troca de tiros entre facções. A criança foi socorrida no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde ficou internada por mais de uma semana. Além dele, duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas no mesmo episódio.
Outro episódio que mobilizou a região foi o caso de uma menina de apenas 3 anos, baleada na cabeça em outubro, durante um confronto no bairro Bela Vista. Ela ficou internada no mesmo hospital por mais de um mês. Relatos da Polícia Militar indicam que tiroteios inesperados têm sido frequentes em áreas controladas por facções.
No início de dezembro, outro caso ganhou repercussão: Rodrigo Galvão Pereira e Rogério Luís Alves de Souza, de 51 anos, foram baleados em um estabelecimento na Estrada de Belford Roxo. Rodrigo morreu pouco depois de chegar à unidade de saúde. A polícia investiga a possível relação do ataque com a morte de Luan Ricardo Rodrigues da Silva, suposto integrante do TCP, também morto no mesmo dia em um possível ataque do CV.
Clamor por soluções
O aumento da violência e a frequência dos tiroteios destacam a necessidade urgente de ações que garantam a segurança dos moradores. O clima de insegurança tem gerado temor nas comunidades, que esperam por medidas efetivas para conter o avanço do crime organizado.